quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Gastronomia com Sotaque Nordestino

Sabe de onde vem a maioria dos cozinheiros e chefs de cozinha que trabalha em São Paulo?


Os nordestinos compõem uma grande parcela das equipes que trabalham nos restaurantes paulistanos. São cozinheiros, ajudantes e garçons, mas a culinária de sua terra natal não é valorizada como deveria. A condição social desta população talvez explique por que a mídia especializada dê tão pouca atenção às casas que oferecem a culinária típica do interior nordestino. Durante as entrevistas para a produção desta reportagem foi possível notar as peculiaridades dos cozinheiros e chefs da cozinha brasileira e também do exterior. Claudio Aliperti, Chef de cozinha há 20 anos conta em seu blog que sempre ouviu falar que cozinheiros bons são os nordestinos e realmente eles tem uma mão abençoada para tempero, mas do jeito deles, sem fichas técnicas e sem o compromisso que o imigrante tem com a tradição. Aliperti acrescenta ainda, “acostumamos nosso palato ao tempero dos trópicos, portanto o que gostamos é da cozinha franco brasileira, Ítalo brasileira, Nipo brasileira etc”.

     Existem inúmeros restaurantes que servem comida nordestina na cidade de São Paulo, essas casas já possuem o seu público alvo, os migrantes nordestinos. Os nordestinos que fazem parte da maioria dos cozinheiros e chefs de cozinha de São Paulo conseguem se destacar apenas ao deixarem de lado a sua tradição e buscarem qualificação nas grandes cozinhas, inclusive no exterior, é o que dizem as pesquisas de revistas especializadas. O chef Jorge de Luna, do restaurante ‘Intervalo’ no bairro Higienópolis, em São Paulo, tem traços fortes de nordestino, é filho de migrantes pernambucanos trabalha com gastronomia desde os seus dezoito anos e declara que conseguiu o legado que possui hoje devido a sua passagem por várias redes de restaurantes e hotelarias, inclusive o Hotel-escola SENAC, também atuou em várias cidades como Santos (sua cidade natal), Rio de Janeiro e São Paulo. “As regiões norte e nordeste são grandes fornecedoras de profissionais de cozinha para a cidade de São Paulo”, declara Jorge orgulhoso de sua origem.

     “São Paulo se tornou o point do pequeno, médio e grande negócio, eu cresci junto com os grandes restaurantes e as redes hoteleiras que surgiram a um tempo não muito remoto nesta cidade”, ressalta. O chef Jorge, revela está muito feliz com a sua profissão, e dedica sessenta por cento do seu tempo para ensinar o próximo, ainda conclui que já passaram mais de 100 funcionários pela sua responsabilidade e sempre conseguiram crescer profissionalmente e nunca voltaram atrás para pedir emprego. O chef Elson da Silva, especialista em culinária nipônica que também é migrante nordestino do estado da Bahia, conta que a culinária chinesa atraiu muitos nordestinos para São Paulo devido a ser um trabalho que não cansa muito, porque não precisa carregar peso, não suja a roupa e é leve, sendo a responsável por grande parte da migração de nordestinos na época.

Reconhecimento

O chefe de ascendência japonesa, Luiz Matuguma descreve tudo o que viveu e conviveu nas suas formações de Ciências de Alimentos e Gastronomia em seu blog sem nenhum tipo de preconceito, ou discriminação. “Sei que muitas pessoas vão ler e pensar, “... Nossa! “Como ele pode falar assim dessas pessoas...”, mas vou mostrar como os cozinheiros fazem parte fundamental da nossa sociedade. A maioria dos cozinheiros que nós temos hoje, são da região nordeste, vieram para São Paulo ou qualquer outra cidade tentarem a sorte, e para não passarem fome, vão para os restaurantes trabalhar como auxiliar de cozinha, lavando chão e prato, até conseguirem uma posição dentro da cozinha, galgando sua vida”. Matuguma é bem franco ao relatar que, os migrantes não têm estudos adequados, aprendem tudo apenas observando os outros fazerem, e com isso conseguem muitas vezes surpreender. O chef ainda conclui, “a área gastronômica não existiria, ou não seria o que ela é hoje, sem os nordestinos. Eles são o alicerce sobre o qual foi  formado todos os restaurantes, bares, hotéis, das principais capitais do Sudeste do Brasil. E finaliza com um... pronto falei...”

     A cidade de São Paulo está se preparando para que em 2014 consiga atingir as suas metas e continue com o título de uma das maiores da gastronomia mundial, sobretudo, ressaltando o valor das suas raízes e do seu povo.


                                                                                         Claudio Faryas

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Quando Eu Falei Que Era Gay"

A resposta franca e direta do cantor e compositor Tiago Silva, 19 anos, em entrevista aos seus colegas da faculdade de jornalismo foi inesperada o bastante para que todos ficassem de boca aberta: “Quando eu falei que era gay.” Foram exatamente essas palavras que deixaram os colegas sem ação, alguém jamais esperava aquela atitude como resposta sobre a ‘maior revelação da sua vida’, porém aconteceu. E... Àquela entrevista coletiva ficou marcada pela atitude mais natural que uma pessoa poderia expressar: _a franqueza, a objetividade e a sua espontaneidade em responder a todas as perguntas, como se não existisse homofobia no Brasil.

     Tiago é apaixonado por carnaval, paixão que vem de família, desde a sua bisavó. Canta em várias escolas de samba de São Paulo, fruto que colheu do curso de música que faz desde os quatro anos de idade, no entanto, ele declara que só estudar não basta! “Tem que ter o dom pra cantar.” Ressalta. Orgulhoso ao falar de sua profissão, Tiago deixa claro que cantar é a razão do seu viver, e acrescenta, “a música é a minha maior inspiração.” O trabalho nas escolas de samba não garante o seu sustento, nas horas vagas, Tiago faz passeio com cães para colaborar com a renda familiar, “são doze cachorros que levo para passear todos os dias, são os meus ‘filhos’, o meu xodó”, declara orgulhoso do que faz. Não muito diferente, a rotina de Tiago é ir pra faculdade, estudar música, e passear com cães à tarde. Seu primeiro trabalho em uma escola de samba surgiu em 2006, na Vai Vai, escola que já conquistou treze títulos do carnaval paulista.

Sonhos

     Seu maior sonho atualmente é conseguir a recuperação do pai que sofre de Hepatite D. No que se refere a jornalismo, Tiago pretende acompanhar histórias polêmicas, seguir fatos policiais. O curso de jornalismo nas FIAM (Faculdades Integradas Alcântara Machado), tem contribuído para que Tiago leve adiante o seu projeto de um livro cujo título revelou na entrevista: Odisseia de Paixões, no projeto ele aborda os 20 anos do carnaval de São Paulo no sambódromo do Anhembi, revelando os bastidores e o lado ‘negro’ das escolas de samba.


                                                                                           Claudio Faryas







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